sábado, 21 de fevereiro de 2009

O Perfume - A história de um assassino




Livro: O Perfume - A história de um assassino, Patrick Suskind
Record, 1986(Primeira publicação alemã), 218 páginas.



O romance do alemão Patrick Süskind foi considerado o livro da década de 80 na Alemanha. A trama passa-se no século XVIII(França) e há todo um extraordinário trabalho de reconstituição histórica, não só da época e das mentalidades, como do ofício de perfumista, que então era particularmente valorizado e que estava a cargo de artesões especializados.

Patrick Süskind conduz o leitor de página em página, de odor em odor, de perfume em perfume, enebriando-o, arrebatando-o nessa alquímica busca do absoluto que é a do seu personagem: a busca do perfume ideal, isto é, a forma suprema da Beleza. Nessa busca nada deterá Jean-Baptiste Grenouille(que nascera no meio dos mais repugnantes fedores, numa banca de peixe), nem mesmo os crimes mais hediondos. Este personagem monstruoso possui, no entanto algo de extremamente inquietante, a sua própria incorrupta pureza. Isto porque o protagonista de O Perfume (não sabemos se é louco ou sua natureza é realmente má, talvez seja por isso que consiga se tornar tão fascinante aos olhos do leitor) tem uma compreensão limitada do mundo, pois somente compreende e consegue apreciar alguma coisa pelo odor que esta possui.

Dizendo desta maneira a trama de "O Perfume" pode parecer absurda e talvez o seja. No entanto, Suskind é um escritor talentoso e o grande mérito de seu livro é tornar o que nos é absurdo possível dentro da narrativa. Habilidoso, o autor faz com que tornemos "cúmplices" do protagonista Grenouille. Sendo assim passamos enxergar o mundo á sua maneira e compartilhamos como ele seus planos para criar o melhor perfume do mundo (já que ele nasceu sem cheiro), nem que para isso ele tenha que recorrer a ingredientes nada convencionais. Uma leitura interessante. Trata-se de um suspense nada convencional.

"...As pessoas podiam fechar os olhos diante da grandeza, do assustador, da beleza, e podiam tapar os ouvidos diante da melodia ou de palavras sedutoras. Mas não podiam escapar ao aroma. Pois o aroma é um irmão da respiração. Com esta, ele penetra nas pessoas, elas não podem escapar-lhe caso queiram viver. E bem para dentro delas é que vai o aroma, diretamente para o coração, distinguindo lá categoricamente entre atração e menosprezo, nojo e prazer, amor e ódio. Quem dominasse os odores dominaria o coração das pessoas."

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