quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A Águia e a Galinha


" Era uma vez um camponês que foi a floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Coloco-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha.
Ela não é mas uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar ás alturas. - Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: - já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia.
E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
- Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
- Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma ultima vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergue-se, soberana, sobre se mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento..."


Viver como galinha ou voar como águia? Ciscar sempre? Voar sempre? É possível viver como águia no mundo das galinhas? galinha ou águia? galinha e águia?
Pense comedor ... Os próximos "pratos de batatas" irão girar em torno dessa dualidade(ou seria dualismo?)

10 comentários:

  1. Acredito que muitas coisas hoje insistem em nos transformar em galinhas... Pessoas, acontecimentos, tristezas, dificuldades, perdas... Mas devemos ter consciência de nossa natural essência de "águia" e não nos conformar em sermos reduzidos a galinhas. Não podemos nos acomodar com o mais fácil, pois nem sempre é o melhor. Ousar é o segredo. E quando parecer difícil, nos voltemos para o nosso Senhor, o Sol que nos ilumina e nos dá forças para alçarmos voos cada vez mais altos.

    Carol ;)

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  2. Creio que, no caso, a idéia predominante é de dualidade, não de dualismo.Em linhas gerais, dualidade refere-se ao caráter dual ou duplo; dualismo, à coexistência de dois princípios eternos, necessários e opostos, como o bem e o mal, por exemplo.
    A dualidade vem a se expressar, no teu texto, como uma alternativa entre ser águia e/ou ser galinha.A questão, pelo visto, gira em torno da essência e da escolha. Entramos naquela velha pergunta: você é delimitado por sua escolha, ou sua escolha delimita você? (In)felizmente, a idéia de vestir uma dessas imagens não é simples. Primeiro, porque nós temos um arsenal de possibilidades ao qual muitas vezes ignoramos, seja por comodismo, medo ou qualquer outro motivo.Então, ao nos definirmos como um ou como outro, faremos uma escolha justa? E somos justos quando colocamos características nossas em outros seres, e acabamos por torná-los exemplos de virtude ou vergonha conforme nosso bel-prazer? É sempre bom lembrar que o termo "definir" pressupõe uma delimitação,e, por vezes, uma castração. Às vezes, somos amplos para ultrapassar conceitos; em outras, somos tão pequenos que seria até uma infâmia nos compararmos a seres como a águia ou a galinha. Inclusive, seres que são usados até para criar uma identificação teórica que se mostra insuficiente para a amplidão ( ou a falta dela) da nossa alma.

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  3. Só para frisar, essa identificação teórica mostra-se insuficiente não por conta da pretensa superioridade do humano sobre os demais seres. Ela torna-se falha simplesmente por sermos diferentes.

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  4. Querido Anonimo(a), quando eu li esse conto pela primeira vez, foi essa a visao que tive... Infelizmente ela nao prepondera mais, nos proximos textos, (in)felizmente irei discordar de vc(oq vai gerar uma boa discussao, gosto de pessoas embasadas). Para nao deixa-lo curioso, para mim é dualismo. A galinha e aguia coexistem, sempre.

    Amanha devo fazer o novo texto

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  5. Creio que não houve uma compreensão completa do comentário. O problema não reside na coexistência, mas na redução maniqueísta a dois opostos, tal como no dualismo bem/mal.

    Há pessoas essencialmente boas ou essencialmente más?
    Há águias assassinas e de vida isolada. Há também galinhas provedoras, sociais e literalmente mártires da existência de outros.

    Ainda assim é fácil escolher entre os dois?

    Prefiro os catartídeos: não são adeptos da matança, purificam o ambiente e ainda são execrados pelos amantes das águias e galinhas.

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  6. Eu entendi o seu ponto de vista, eu discordo apenas na parte do dualismo/dualidade. Bom, vc vai ver pra que lado eu vou levar o assunto, nao quero da uma de "spoiller". =D

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  7. Mas ssiiim, respondendo sua pergunta, nao ha pessoas boas ou mas... ou só boas ou todo tempo más. È tudo questao de motivação+paradigmas pessoais+oportunidade. Alem do que, oq é bom e justo para mim pode nao ser para vc, isso é outra boa discussao que ate ja explorei aqui no blog(Se ja nao leu, sugiro que leia o topico sobre honestidade, acho q do inicio do mes de fevereiro

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  8. kkk o anonimo mil anos dps mandou eu me fuder kkk q massa

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