segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Sombra do Vento



Livro: A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón
Suma de letras, 2001, 399 páginas.



[...] "Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece.” P.9

A obra começa assim, logo de cara! Na página nove já estava maravilhado com o livro, Carlos Ruiz Zafón consegue ser envolvente, enigmático sem deixar de lado o ritimo eletrizante de sua narrativa. O enredo aliás, surpreende bastante! No primeiro contato com o livro tive a nitida impressão que seria um drama do tipo "A menina que roubava livros", no entanto, a obra se revelou um suspense fantástico, uma viagem por uma realidade cruel, ao mesmo tempo cheia de lirismo, carregada de fantasia.(Isso mesmo leitor, contradição absoluta)
Tudo começa em Barcelona, em 1945. Daniel Sempere está completando 11 anos. Ao ver o filho triste por não conseguir mais se lembrar do rosto da mãe já morta, seu pai lhe dá um presente inesquecível: em uma madrugada fantasmagórica, leva-o a um misterioso lugar no coração do centro histórico da cidade, o Cemitério dos Livros Esquecidos. O lugar, conhecido de poucos barceloneses, é uma biblioteca secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de "A Sombra do Vento", do também barcelonês Julián Carax. O livro desperta no jovem e sensível Daniel um enorme fascínio por aquele autor desconhecido e sua obra, que ele descobre ser vasta. Obcecado, Daniel começa então uma busca pelos outros livros de Carax e, para sua surpresa, descobre que alguém vem queimando sistematicamente todos os exemplares de todos os livros que o autor já escreveu. Na verdade, o exemplar que Daniel tem em mãos pode ser o último existente. Entre a decepção do primeiro amor e o aparecimento desse homem misterioso, que queima todos os livros de Carax, personalidades interessantes e cheias de mistérios, além de um policial violento, irão entrar e interferir na vida do jovem Daniel, fazendo com que sentimentos como a amizade, culpa e covardia, aflijam o coração do rapaz.
A obra é ótima, impossível de largar! Deixo a própria definição do Daniel sobre o seu A Sombra do Vento, melhor descrição não seria capaz. [...]A medida que avançava, a estrutura do relato fez-me lembrar daquelas bonecas russas que contém em si mesmas inúmeras miniaturas. Passo a passo, a narrativa se estilhaçava em mil histórias, como se o relato penetrasse em uma galeria de espelhos, e sua identidade produzisse dezenas de reflexos díspares e ao mesmo tempo um só.[...]

“Tem uns bobalhões por ai, que acham que se põem a mão na bunda de uma mulher e ela não reclama, já está no papo. Aprendizes. O coração de uma mulher é um labirinto de sutilezas que desafia a mente grosseira de um homem trapaceiro. Para realmente possuir uma mulher é preciso pensar como ela, e a primeira coisa a fazer é ganhar sua alma. O resto, o doce, o fofo embrulho que nos faz perder os sentidos e a virtude vem por acréscimo.”


Um comentário:

  1. No primeiro contato com o livro tive a nitida impressão que seria um drama do tipo "A menina que roubava livros",

    eu tambem ;x

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